“Um príncipe não pode basear-se naquilo que vê em tempos de paz” – Maquiavel
Reparos não resistem à chuva
Difícil encontrar ruas em Cachoeiro de Itapemirim que não estejam danificadas por buracos ou por remendos que causam desníveis. Falando nisso, os remendos feitos nas operações tapa-buraco geralmente têm a vida útil reduzida pela chuva. No início de novembro, por exemplo, a área central foi tomada por crateras. No dia 13, iniciaram os reparos; na semana seguinte, após a chuva, os buracos reapareceram na Linha Vermelha e um novo acerto foi realizado. Mas, por que os reparos não resistem à chuva? Este colunista procurou um especialista sobre o assunto: o engenheiro Deyvid Barboza, especialista em Pavimentação – mestre em Engenharia Civil – Geotecnica pela UFRJ. Segue a fala dele:
Vida útil
“O asfalto tem sua vida útil média de 10 anos e de 4 em 4 anos cerca de 15% da via em sua metragem quadrada deve ser intervida para correção da camada de rolamento e em muitos dos casos a base (camada de solo abaixo do asfalto devido a deformações). Então ao invés de termos a manutenção preventiva, temos as corretivas, quais saem em todos aspectos bem mais onerosas”.
Modelo de recuperação
“A escolha do modelo adequado de recuperação asfáltica irá demonstrar se o custo será alto ou baixo. Se a identificação das falhas de pavimento for observada na fase inicial, o tratamento terá um custo operacional reduzido. Se a fase de recuperação for ultrapassada e o pavimento estiver deteriorado significativamente, será necessária uma intervenção maior, o que acarretará em custos mais elevados. Existe ainda a possibilidade de a base estrutural do pavimento estar comprometida e, nesse caso, a recuperação será feita por meio de reciclagem de pavimento e base, com aplicação de uma nova camada asfáltica”.
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Resistência e qualidade
“Como o processo de tapa buracos é mais simples, essa operação tem a preferência da maioria das prefeituras e obras em rodovias concessionadas, já que o custo é menor. Mas para isso, torna-se necessário uma análise cuidadosa do trabalho a ser executado considerando o nível de qualidade, a importância da via para a economia da região e o próprio custo-benefício do método, comparado a realização de um trabalho completo de recuperação. A negligência pode resultar em tapagens de buraco paliativas e ineficientes, que não resistem por muito tempo, no caso de Cachoeiro (resistem apenas até a próxima chuva)”.
Execução correta
“Deve executar dessa forma: ali existia um “buraco”, foi feito o corte em pano e ou retangular em volta do buraco, feita a recuperação do material de base (solo), uma pintura de ligação/imprimação e assim lançado a massa da nova camada e compactada com rolo de chapa, ideal é o de pneus pela pressão estática e melhor acabamento dos bordos. Desta forma consegue ter mais resistência ao desprendimento causado pela umidade do solo, onde a chuva penetra nas falhas da panela/”buraco”, umidece o solo e assim, como em tudo, a umidade causa desprendimento da camada de asfalto”.
Outro problema
“Mas, o problema de Cachoeiro vai além, os pavimentos urbanos não são dimensionados também para receberem tráfegos constante de caminhões pesados (rochas), por exemplo”, finalizou Deyvid.
Penalidades por descumprir normas
O engenheiro Deyvid Barboza ressaltou que também para os reparos das operações tapa-buracos é ´reciso seguir as normas feitas pelo DER, Dnit e Seinfra, por exemplo. E o descumprimento pode acarretar em penalidades pelas cortes de contas por desperdício de verba pública.
Prefeitura não responde
Foram enviadas as seguintes perguntas à prefeitura desde o dia 20 de outubro:
– Por que os serviços de tapa-buraco em Cachoeiro não resistem às chuvas?
– Qual o passo a passo (etapas) do serviço tapa-buraco realizado em Cachoeiro?
– A infiltração da água da chuva no remendo pode ser advindo de um isolamento mal feito?
– O remendo dos buracos considera o peso do tráfego nas referidas vias a ponto de ter maior vida útil?
As perguntas foram reenviadas nos dias seguintes à Secretaria de Comunicação, que optou por não responder. O mesmo aconteceu com o secretário de Manutenção e Serviços, Vander de Jesus Maciel.
Asfalto
Acontece nesta quarta-feira (10) a licitação para a aquisição de cimento asfáltico de petróleo e emulsão asfáltica pela prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. A administração municipal pode pagar até R$ 4.853.472. Os materiais servirão para melhorar as ruas do município que estão tomadas pelos buracos, que danificam os veículos e causam acidentes.
