Processo seletivo propõe pagar R$ 970,69 a médicos

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A partir do dia 20 de junho até o dia 30 estarão abertas as inscrições para o processo seletivo que a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim fará para suprir a carência temporária de profissionais na Secretaria de Saúde. Os interessados deverão preencher o formulário que estará disponível no site da administração municipal www.cachoeiro.es.gov.br. Ao todo, são 333 vagas ofertadas para 31 áreas.

 

Com um olhar mais atento para o edital deste Processo Seletivo Simplificado é possível perceber que ele traz à tona talvez não a origem, mas agravantes consideráveis sobre a saúde no município, até então alvo de duras críticas da população e vereadores.

 

Primeiro que o número de vagas disponíveis aponta diretamente para a deficiência de efetivo para atender aos cidadãos. Para se ter uma ideia, só para profissionais de enfermagem – a serem distribuídos em três áreas distintas – existem 81 vagas.

 

E o diagnóstico continua: 23 fisioterapeutas, 74 técnicos de enfermagem e, pasmem!, 88 médicos. É claro que o déficit de profissionais na saúde de Cachoeiro não se iniciou na atual gestão; é algo que tem que ser encarado como política de estado, porque tende a se agravar na medida em que nada é feito para solucionar.

 

A realidade apresentada pelo processo seletivo mostra claramente a sobrecarga que existe junto aos profissionais da saúde que permanecem nos quadros da prefeitura e sublinha uma possível causa da inexistência de atendimento satisfatório; além disso, pode ter externado o motivo do desligamento de muitos outros.

 

E tem outro ponto que também preocupa muito: a remuneração. O salário fixado no anexo do edital do processo seletivo para os médicos é de R$ 970,69, em carga horária de 20h; sendo que, em 2016, para esta mesma carga horária, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) fixou como piso salarial R$ 12.993,00.

 

Apesar da torcida ser pelo o preenchimento de todas as vagas para que a assistência de saúde na cidade aconteça em sua plenitude, não pode ser desconsiderada a possibilidade desta área não ser totalmente preenchida, justamente por conta do salário – afinal, o próprio déficit de 88 médicos pode ter este motivo.

 

Neste mesmo processo, o melhor salário é para os médicos da família, no valor de R$ 6 mil. Ainda assim, há 27 vagas – o que subentende-se que, mesmo sendo o salário seis vezes maior, a iniciativa privada aparece como melhor opção. Em tempo: o salário do Médico da Família é mais alto porque há o pagamento do governo federal e a contrapartida da prefeitura.

 

A situação traz à tona um assunto que repousa temporariamente: priorização da concessão de reajuste salarial. Como não há dinheiro para contemplar a todos e enquanto o plano de cargos e salários não vigora, quem deveria ter a primazia no vencimento: professores, médicos, efetivos que recebem abaixo do mínimo ou secretários municipais?

 

Confira os salários e carga horária do processo seletivo clicando aqui

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