A fotografia da posse dos eleitos em Cachoeiro de Itapemirim simboliza bem a distância que há entre o prefeito Victor Coelho (PSB) e o seu vice Jonas Nogueira (PP), com um detalhe: a Câmara Municipal entre eles. Na cerimônia, Silvio Coelho (PRP) presidiu a sessão por ter sido eleito o vereador mais votado.
As informações de bastidores dão conta de que a relação começou a azedar no período pós-eleitoral, quando Victor realizou uma série de encontros para agradecer os votos. A maratona de gratidão teria incomodado Jonas, que queria discutir o governo. Daí em diante, o vice foi desligado das decisões de Coelho.
Nogueira teria se incomodado ainda mais por não ter sido o chefe da equipe de transição, posição que foi ocupada pelo braço direito do prefeito: Weydson Ferreira, que chefia interinamente a pasta de Interior.
O outro episódio, ainda segundo circula nos bastidores, foi sobre o secretariado. O vice tinha preferência pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, porém, uma vez assumindo, não poderia mais indicar ninguém.
No final, não foi ‘convocado’ para o primeiro escalão e fez indicação para o Procon – sem contar que também estava no ‘nevoeiro’ em relação ao mistério sobre os nomes de quem seria secretário.
Já é de conhecimento mútuo que Victor não interferiu na escolha de quem seria o presidente da Câmara Municipal. No geral, o diálogo com os eleitos foi deficitário; Coelho só ouviu, o que deixa o emissor sem direcionamento, pela falta do feedback. Com experiência política maior que a de Coelho, Jonas aproveitou a brecha.
E é nesta área que a relação entre os dois pode superar o que passou; no caso, Jonas ser o articulador político do governo. Mas, se apostarem no jogo de aparência, a governabilidade se compromete.
* Texto escrito no dia 4 de janeiro de 2017
