Por Gabi Prado
Há 133 anos, a Princesa Isabel assinava uma lei que determinava a abolição da escravatura no Brasil. A Lei Áurea, sancionada no dia 13 de maio de 1888, concedia liberdade total aos mais de 700 mil escravos que habitavam o Brasil naquela época. Encenado com flores e cheia de romantismo nas tramas globais das 18 horas, o protagonismo deste episódio nunca foi dado aos seus verdadeiros heróis.
José do Patrocínio: filho do cônego João Carlos Monteiro e da escrava Justina Maria, foi um escritor e jornalista brasileiro que iniciou sua participação nas campanhas contra a escravidão em 1871. Criou a “Confederação Abolicionista”, foi eleito para Câmara Municipal do Rio de Janeiro e liderou comícios, discursos e manifestações populares em prol da abolição da escravatura. Foram 10 anos de luta e ativismo até a Lei Áurea ser assinada.
Luiz Gama: filho de escrava livre e pai branco, foi escravizado dos 10 aos 17 anos de idade – quando conseguiu comprovar que nascera de ventre livre. Tornou-se jornalista, advogado e escritor literário. Como advogado, defendeu muitos negros de maneira gratuita e ajudou a conseguir a alforria para tantos outros. Entrou em contato com os ideais abolicionistas em meados de 1864, mas seu falecimento em 1882 o impediu de ver a abolição da escravatura no Brasil efetivada.
André Rebouças: filho do mestiço Antônio Pereira Rebouças, que chegou a ser conselheiro de Dom Pedro II, André Rebouças formou-se em engenharia e também desempenhava o ofício de jornalista. Foi sócio fundador da “Sociedade Brasileira Contra a Escravidão”, membro da “Sociedade Abolicionista” e já pensava sobre a necessidade de projetos de inserção do negro liberto à sociedade (novas formas de relações sociais).
Com mais de 300 anos de escravidão e sendo o último país da América Latina a abolir esse modo de atividade econômica e trabalhista, o Brasil foi duramente pressionado para chegar as vias de fato (internacional e nacionalmente). Portanto, cabe questionar a intenção da história que é contada através de recortes que valorizam a atuação do governo vigente que, para manter sua posição e benefícios, fez o que deveria ser feito.
Por que apagar o protagonismo negro?