A estratégia eleitoral do PSDB nacional não deixa dúvidas de que seus marqueteiros partiram da identificação de que o crescimento do candidato a presidente da República, Geraldo Alckmin, está atrelado à queda do concorrente Jair Bolsonaro (PSL). Tanto que iniciaram a campanha resumindo o potencial administrativo do adversário à bala. As pesquisas mostram que a tentativa abre um abismo que os tucanos cavaram aos seus pés – parafraseando o mestre Cartola.
E não é difícil ‘codificar’ o equívoco da estratégia. Alguns cientistas políticos brasileiros acreditam que cerca de 80% dos ‘votos’ de Bolsonaro são de ex-eleitores do também tucano Aécio Neves. Ou seja, o PSDB acertou que precisava recuperar essa preferência dos sufrágios; porém, pecou ao também atacar a razão desta mudança, posicionando-se, automaticamente, no posto do alvo a ser combatido por esses brasileiros.
Na eleição polarizada de 2014, quando o Brasil foi ‘dividido’, é mais que óbvio que parte dos eleitores de Aécio, sem percentual mensurado, votou mais pela rejeição ao PT. A opção por Bolsonaro desses cidadãos – algo que também deveria ser medido pela cúpula tucana, em uma qualitativa – é muito possível que passa pelas denúncias de corrupção desfavoráveis a Aécio; o que, inevitavelmente, respinga (quando não inunda) no partido.
Depois do erro, veio a ‘barbeiragem’ no voo da tucanada; certamente, após perceber o ‘tiro no pé’: a sigla fez a chamada autocrítica de suas ações posterior à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que resultou na fragilização do governo, junto com a adesão à administração desastrosa do atual presidente Michel Temer (MDB).
Qual foi a ‘barbeiragem’? Ora, deu mais razão à aversão dos, hoje, eleitores do Bolsonaro diante da fisiologia (no mínimo) confessada e presenteou os petistas ao reforçar o argumento do suposto ‘golpe’.
O PSDB não apenas inviabilizou a sua posição em um possível 2º turno eleitoral – onde o último retrato das pesquisas coloca a tendência de confronto entre Bolsonaro e Haddad (PT) -, como criou para si duas opções de ‘morte súbita’ (podendo se ‘salvar’ somente pela quantidade da bancada parlamentar pós-eleição): vai apoiar o candidato que ele afirmou querer resolver os problemas do Brasil na ‘bala’ ou o PT, partido do qual – há mais de uma década – é o outro lado da polarização onde atuava e também o inimigo dos eleitores que quis reconquistar? Fora isso, resta ‘morrer’ no silêncio do consentimento, isentando-se.