Quem soube dos bastidores políticos lá pelos meados do ano 2000 percebeu que a atual cúpula do Sindimunicipal surgiu a partir das orientações de integrantes do PT cachoeirense, que, legitimamente, tinha a pretensão de enfraquecer o governo de Roberto Valadão (PMDB) e ter ali uma oportunidade de disputar a prefeitura – com menos um ‘figurão’ político.
E, assim, foi. O professor e agente de trânsito Jonathan Willian se elegeu presidente do sindicato e ‘brigou’, a seu modo, pela categoria. Muito microfone, carro de som, limpeza das escadarias do palácio Bernardino Monteiro, que, independentemente de méritos, sacudiram um sindicato, por hora, silencioso, quase simbólico.
Mas, por empolgação ou não, o rumo tomado pelo sindicalista se apresentou como contramão dos anseios de seus representados – justamente aqueles que sofriam com a, até hoje, declarada desvalorização salarial das gestões anteriores.
Houve episódios de denúncias de irregularidades na reeleição, no aumento da cobrança sindical, majoração do tempo de mandato; tudo isso supostamente efetivado a partir de assinatura para ter direito ao almoço na festa feita para os trabalhadores no parque de exposições.
No governo municipal seguinte, o PT provou do veneno do qual alguns de seus filiados colaboraram para a formulação. Talvez, até mais que Valadão.
Contudo, voltando ao assunto, as questões do sindicalista que resultavam na insatisfação dos servidores não cessaram. E foi possível mensurar o impacto.
Nas eleições de 2012, a sua primeira, Jonathan, como professor, não soube interpretar o recado das urnas que lhe informaram 586 votos para vereador, em um universo superior a 5 mil servidores públicos, dos quais, como sindicalista, ele ‘representava’.
Em 2016, como agente de trânsito, Jonathan parece não ter visto o sinal fechar na forte luz vermelha dos pífios 825 votos – desta vez, para prefeito, em um município cujo eleitorado é superior a 130 mil e tem cerca de sete mil servidores públicos, sendo mais de três mil efetivos.
Não entro no mérito jurídico dos imbróglios vividos pelo presidente do sindicato; mas, é, no mínimo, surreal ter que se defender de utilizar a estrutura de uma instituição para se promover eleitoralmente, porque é inconcebível gerar tais motivos para tais entendimentos. Em âmbito geral, o retorno político deve nascer da militância de um líder e não do bolso de quem deposita a esperança por dias melhores.
Por duas vezes estratificada a insatisfação de seus ‘representados’, Jonathan pôde auferir durante reunião dos funcionários efetivos, que aconteceu na noite de segunda (3) no auditório do CEI Áttila de Almeida Miranda, o impacto do calor da emoção da categoria.
Além de excluírem o sindicato de intermediar junto ao prefeito Victor Coelho o acesso ao projeto de reforma administrativa, os servidores presentes no evento o insultaram, não quiseram ouvi-lo, e, quando foi falar, parte significativa deixou o recinto.
Agora, pergunto: o funcionalismo ficará satisfeito caso Victor Coelho receba o presidente do Sindimunicipal, Jonathan Willian, como representante de todos?
Não será fácil para o sindicalista se reinventar e dar a volta por cima. E se estiver focado nas eleições do ano que vem se perderá por definitivo no horizonte que margeia o mundo real.