Por Tatiana Pirovani
Em fevereiro de 2020 foi publicada uma portaria pelo Ministério da Saúde, declarando estado de emergência em saúde pública. Três dias depois, uma Lei Federal, estabelecia medidas para o enfrentamento de tal estado de emergência. Pouco mais de um mês, a OMS declara tratar-se de uma pandemia e na mesma data o Ministério da Saúde emite nova portaria falando do que? De medidas para enfrentamento da emergência, lógico!
Na mesma semana, o Governo Estadual disparou três decretos. Um declarando estado de emergência no Espírito Santo, parte dele trazendo cópia do texto da Lei Federal, afinal, a roda já existia, e estruturando o centro de operações em saúde pública; os outros dois suspendendo as aulas, cinemas, teatros e eventos. Todos em casa, nossa primeira quarentena. Me pareceu lógico.
Em 02 de abril foi decretado estado de calamidade no Espírito Santo; na ocasião, tínhamos 120 pessoas comprovadamente infectadas e os primeiros óbitos registrados no dia anterior. Mas, a instituição do mapa de risco veio apenas no dia 19. Achou demorado? A utilização obrigatória de máscara foi decretada apenas em maio, três meses após o início da movimentação institucional à nível federal. Não me pareceu muito lógico.
O estado de calamidade teria vigência de 180 dias, assim, em 29 de setembro, novo decreto foi publicado. Mas no dia 26 o mapa de risco demonstrava apenas três municípios em risco moderado e todos os outros em risco baixo. Ué? Bares abertos, comércio funcionando e no dia 27 a campanha eleitoral foi iniciada, mas aulas presenciais nem pensar. Quase 124 mil pessoas infectadas e 3.408 mortos na ocasião. Lógica? Nunca nem vi.
Isso quer dizer que passamos as festas de fim de ano, o verão e o carnaval com um decreto de estado de calamidade vigente. Praias com acesso liberado, novos beach bares, tacinha para o alto, 2021!
Por trás da cortina, hospitais cheios como nunca, aulas presenciais longe de serem uma realidade, contratos emergenciais em regra, ação intrusiva dos órgãos de controle externo, quarentena novamente e uma volta de 360 graus. 26 de março, novo decreto de calamidade, 343.791 infectados, 6.783 mortos. Em abril, comércio reaberto no risco extremo, a impressão de uma gestão totalmente instrumentalizada, e o princípio lógico da não contradição voando pelos ares. É isso.