No último sábado, 25, a comunidade de Vargem Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, sediou mais uma edição do Raiar da Liberdade. Essa festa, que é tradicional e secular, reúne diversos grupos que compõem o patrimônio imaterial do município e da região sul-capixaba para relembrar o fim da escravidão no Brasil.
O público que prestigiou o evento, além de poder assistir às apresentações de caxambu, jongo, folia de reis, capoeira e Charola de São Sebastião, também pôde acompanhar um momento de reflexão e discussão a respeito do racismo e sobre direitos das pessoas negras, com a participação da professora e escritora Luciene Carla Francelino.
“A abolição só foi possível com muita luta dos negros escravizados. Isso é uma grande conquista desse povo. Por isso não se trata de uma comemoração, mas de um momento para nos lembrarmos dessa resistência negra”, comenta Genildo Coelho Hautequestt Filho, gestor de projetos da Associação.
A programação contou, ainda, com a realização de uma missa afro, celebrada pelo Fr. Clebson de Souza Rodrigues e animada pela Equipe de Música da Pastoral Afro da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim.
O evento foi concluído com a tradicional feijoada comunitária, que é preparada pelos próprios moradores com os ingredientes da receita original, da maneira mais fiel à forma como era preparada na época em que os escravizados a criaram. Esse prato tipicamente brasileiro carrega uma simbologia muito forte e diz muito sobre as origens do povo negro.
O grupo de caxambu Alegria de Viver, da própria comunidade rural – que fica localizada no distrito de São Vicente –, é quem coordenou as festividades. Trata-se de um dos mais tradicionais grupos de caxambu de Cachoeiro e do estado.
“Nossa família se estabeleceu aqui em Vargem Alegre, há mais de 100 anos, e aqui também começou o nosso caxambu. Então nada mais justo do que continuarmos com essa tradição, que é uma parte muito importante da nossa cultura e da nossa gente”, afirma dona Ormyr Caitano, mestra do grupo.
Desde 2000, o Raiar da Liberdade é organizado em parceria com a Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense. A edição deste ano foi realizada com recursos públicos do Governo do Espírito Santo viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura, e contou com patrocínio da ES Gás e apoio cultural do Instituto Energisa. Em breve, será disponibilizado o vídeo com a cobertura completa do evento no YouTube, no canal da Associação: www.youtube.com/@patrimonioimaterialci.