Uma comitiva da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim veio à Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (27), para informar aos deputados sobre a situação da instituição. Segundo o superintendente da Santa Casa, Padre Evaldo Ferreira, o cenário é complicado: a entidade deve cerca de R$ 60 milhões à Caixa Econômica Federal. A dívida decorre de um financiamento feito para quitação de outros débitos e, com os altos juros bancários, acabou se transformando em uma “bola de neve”.
Segundo Padre Evaldo, essa é a realidade da maioria dos hospitais filantrópicos do Brasil. Na Santa Casa, 88% dos atendimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas a tabela SUS estaria deficitária – há 25 anos os valores dos serviços não são corrigidos, segundo ele. Por outro lado, ressaltou, aumentam os gastos da unidade com energia elétrica, água, salários. “A conta não fecha”, disse.
O superintendente acredita que o hospital – que atende todo o sul do Estado – não deve fechar as portas, como ocorreu em 2000. Mas pontuou que, com certeza, o serviço prestado aos 750 mil capixabas da região será bastante prejudicado.
O médico Gastão Gonçalves Coelho, que atua na unidade, disse que a situação já está comprometida: “A coisa está feia, muito difícil. A população está morrendo sem assistência”, revelou. Também estiveram presentes o ortopedista Lauro Evaristo Bueno e o anestesista Adail Edmundo Lima da equipe médica do hospital.
Reunião com o governo
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Hércules (MDB), informou durante o encontro que acompanharia a diretoria da Santa Casa em reunião com o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, ainda nesta terça-feira (27). O deputado Theodorico Ferraço (DEM) também esteve presente, informou que não participaria da agenda com o secretário e defendeu que o assunto deveria envolver diretamente o governador.
Dr. Hércules incumbiu Ferraço, então, de agendar o encontro com Renato Casagrande (PSB). O demista disse que providenciará a reunião o mais rápido possível, com a presença do governador, da diretoria do hospital, dos membros da Comissão de Saúde e da comissão especial que será criada para tratar da situação dos hospitais filantrópicos da região sul.
Outros parlamentares da região também participaram do encontro: Dr. Emílio Mameri (PSDB), Luciano Machado (PV) e Pr. Marcos Mansur (PSDB).
Acidentes motociclísticos
A reunião da Comissão de Saúde também contou com a apresentação do médico Luiz Augusto Campinhos, que apresentou dados sobre acidentes com motocicletas no Brasil. De acordo com o cirurgião de trauma ortopédico do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, cerca de 40% dos acidentes de trânsito envolvem motocicletas. A cada quatro internações, um motociclista morre. E um em cada três motociclistas afastados do trabalho por acidente de trânsito não consegue voltar a trabalhar.
O médico disse que houve aumento nos acidentes a partir dos anos 2000 e o pico histórico no Brasil foi em 2007, com 66,8 mil mortes no trânsito. Os últimos dados são de 2013, com 42,2 mil mortes no trânsito brasileiro.
“A motocicleta é utilizada pelo indivíduo jovem de baixa ou média escolaridade sendo a maioria inexperiente na condução. A faixa etária é entre 25 e 34 anos e a maioria são homens negros”, informou.