Morte na fila de cirurgia, falta de profissionais e de medicamentos e dívida que ultrapassa os R$ 100 milhões. Essas são algumas das afirmações do vereador Allan Ferreira (Podemos) contra a Santa Casa Cachoeiro, que apresentou o seu posicionamento diante do caso.
Além das críticas do vereador, são muitas as reclamações de pacientes. No último domingo (20), algumas fotos do hospital foram enviadas ao Em Off Notícias mostrando pessoas sendo atendidas nos corredores (registro no final do texto).
O estudante de Enfermagem, Anselmo Pinheiro, de 32 anos, residente em Marataízes, ficou internado no mês de janeiro deste ano aguardando por cirurgia.
“Tive fratura de fêmur, que tem que ser feita a cirurgia com urgência. Mesmo assim, fiquei 16 dias na espera. Eu conheci pessoas lá que já estavam há 2 meses aguardando uma cirurgia. Para ser transferido, tinha que brigar com eles, reclamar, aí tomavam alguma providência”, disse Anselmo, que conseguiu ser transferido para um hospital de Vitória para fazer a cirurgia.
“A Santa Casa virou depósito de gente. As pessoas chegam sem ter a mínima ideia de quando terão suas cirurgias e a alta hospitalar. São poucos anestesistas, faltam medicamentos. Precisa urgentemente de intervenção do governo do Estado. O hospital não consegue se manter”, disse o vereador Allan, na sessão ordinário do último dia 15.
“Não tem gestão, virou uma bola de neve. Só há pagamento de juros. O que falta para a intervenção?”, indagou. Segundo Ferreira, uma cidadã, de 39 anos, moradora de Mimoso do Sul, aguardava cirurgia no joelho, por conta de acidente de moto, mas não resistiu à espera. “Com a demora, ela morreu de embulia pulmonar. Quantas mortes mais acontecem e a gente não sabe?”. Allan expôs que o caso foi confirmado por profissional do hospital que esteve recentemente na Câmara Municipal utilizando o plenário.
Dívida
O presidente da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, vereador Braz Zagotto (PV), disse que já participou de conversas com a direção do hospital e apresentou os números relacionados ao financeiro.
“A dívida da Santa Casa é superior a R$ 100 milhões. Há pouco tempo, o valor do contrato do hospital com o governo do Estado subiu R$ 1,2 milhão, chegando a um total de pouco mais de R$ 5 milhões. No entanto, o convênio com a Caixa Econômica Federal já retém R$ 1,1 milhão desse montante”, revelou.
Segundo Braz, o déficit diário do nosocômio é de R$ 50 mil por dia. “Ou seja, o déficit só vai aumentando, já virou bola de neve. Na Grande Vitória, há hospital de mesmo porte que tem convênio de R$ 11,5 milhões com o Estado. Ou o valor do contrato aumenta ou o Estado assume e faz um hospital público”, sugeriu.
Santa Casa: plano de reestruturação financeira
A reportagem do Em Off Notícias perguntou a veracidade dos números relatados pelos vereadores e também sobre a falta de profissionais e medicamentos e a diretoria da Santa Casa não negou.
Em nota, o hospital informou “que tem dialogado com Governo do Estado, parlamentares e demais membros do poder público sobre a atual situação do hospital. Para isso, criou um plano de reestruturação financeira que será aplicado nos próximos 10 anos que tem como principal meta a captação de recursos para o equilíbrio das contas. A Santa Casa informa ainda que mantém os serviços oferecidos à população e não há previsão de redução de atendimento”.
Estado
A reportagem enviou demanda para a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) para saber dos acordos com a Santa Casa Cachoeiro e também a possibilidade de intervenção, porém não houve a resposta até a publicação desta matéria.
Veja as fotos internas da Santa Casa feita por pacientes no domingo (20):
