Os moradores de Cachoeiro de Itapemirim, em ações simples do seu dia a dia, como lavar as mãos e louças, tomar banho ou acionar a descarga do banheiro, movimentam milhões de litros de água, que se transformam em esgoto. Para proporcionar bem-estar e saúde à população, o esgoto é coletado e recebe tratamento adequado antes de retornar aos recursos hídricos, garantindo a preservação do meio ambiente.
A BRK, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto no município, opera uma estrutura formada por 571 quilômetros de redes coletoras e interceptores, além de 11 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), na cidade e nos distritos. As estações têm capacidade para tratar mais de 24 milhões de litros de esgoto por dia.
O coordenador de Estações de Tratamento da BRK em Cachoeiro de Itapemirim, Leonardo Ferreira Samuel, explica que o tratamento adequado do esgoto é fundamental para prevenir a transmissão de doenças de veiculação hídrica e preservar os recursos hídricos. Ao chegar às ETEs, o esgoto passa basicamente por algumas etapas: o pré-tratamento, tratamento biológico (principal), tratamento de lodo e, por fim, o lançamento do efluente final no corpo hídrico. Todos os processos são realizados atendendo plenamente às legislações.
“Há toda uma tecnologia aplicada especialmente na ETE do bairro Coronel Borges, que é o processo de lodos ativados de fluxo alternado, com níveis de eficiência superiores a 95% na remoção de componentes orgânicos presentes no esgoto em tratamento. A tecnologia é aplicada em todo o mundo por empresas que são referência em garantir efluentes finais de excelente qualidade”, destaca Leonardo Ferreira Samuel.
Em Cachoeiro, cerca de 98% do esgoto gerado é coletado e tratado, índice superior ao estabelecido pelo novo Marco Regulatório do Saneamento Básico (Lei federal 14.026/2020) e considerado como serviço universalizado.
Confira o passo a passo para o tratamento do esgoto:
Todo o esgoto coletado na cidade segue por meio dos interceptores, situados às margens do Rio Itapemirim, até a ETE localizada no bairro Coronel Borges. O processo tem início na Estação Elevatória, de onde o esgoto é bombeado à ETE.
Já na estação, o esgoto passa pelo pré-tratamento, que consiste na remoção de resíduos grosseiros, principalmente areia, e de materiais sobrenadantes (lixo), evitando, assim, que causem o desgaste nos equipamentos, entupimento nas tubulações e se acumulem nos tanques.
Na sequência, na etapa principal do tratamento, o esgoto, já sem a presença de resíduos, tem a redução de seus compostos orgânicos através da ação biológica de microrganismos em um ambiente extremamente controlado. Esse processo compreende o fornecimento de oxigênio a um aglomerado de micro-organismos (lodo biológico), promovendo o constante contato destes com os componentes orgânicos do esgoto.
O tratamento biológico ocorre em um tanque retangular dividido em três compartimentos interligados hidraulicamente. No primeiro deles, processo conhecido como acumulação, o esgoto é misturado com o lodo biológico, que está constantemente ativo e em suspensão através da injeção de ar.
Em seguida, a mistura de lodo e esgoto segue para um segundo compartimento, que opera continuamente no modo de aeração, onde recebe mais ar. Nessa fase do processo temos a regeneração biológica, seguindo, assim, para o terceiro e último compartimento.
Esse compartimento não é aerado ou agitado, criando condições calmas para que o lodo biológico possa sedimentar, se alojando no fundo do tanque. Os lodos sedimentam por gravidade, enquanto o efluente clarificado é descarregado por meio das canaletas e encaminhado em condições ambientais adequadas para o rio.
Já o lodo produzido é direcionado a unidade de desidratação, sendo após esse processo transportado para aterro sanitário.