Os artesãos que expõem seus trabalhos na praça Jerônimo Monteiro, em Cachoeiro de Itapemirim, foram impedidos que continuar a atividade naquele. O fato aconteceu há três semanas e repercutiu também na Câmara Municipal. Nos bastidores, a informação é de que a retirada está atrelada ao uso de drogas.
“Sou artesão desde 1986 e tenho dois filhos que moram aqui. Vivi 20 anos em Cachoeiro e formei muitos outros artesãos; agora, estou impedido de trabalhar”, disse o artesão Vitor Rodrigues Amador, de 56 anos, mais conhecido como Uruba, que afirma ter registro de profissão na Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social.
“A lei federal nos garante o direito de expor o nosso trabalho e comercializar; uma lei municipal não pode sobrepor à ela. Trabalhei em vários países e estados brasileiros; em Cachoeiro, não posso”. Uruba disse que, durante a abordagem da Guarda Municipal há três semanas, foi mencionado o fato de haver consumo de drogas na praça.
“Quem fuma é filho de Cachoeiro, formado pela sociedade. Acham que vou vender droga sendo que o estado tem quantidade para suprir a demanda? Estes casos não têm nenhuma relação com nosso trabalho de artesão. Cada um responde por seus atos”, explicou. “Reclamaram que não podemos beber na praça. Gostaria que me mostrassem qual a lei que proíbe. O que não posso é arrumar confusão, o que nunca ocorreu”.
Uruba informou que a prefeitura pretende encaminhá-los para a praça de Fátima. “Lá, não vende nada, por conta da circulação de pessoas, além do mau cheiro. Estão podando meu direito de ir e vir. É inconcebível. Ao invés de promover oficinas com estes artesãos para melhorar a vida de vários jovens, tomam medidas que encolhem a atividade”.
A reportagem solicitou o posicionamento da prefeitura na terça-feira (31), quando o assunto foi tratado na Câmara Municipal. O pedido se repetiu durante a semana, mas não obteve a resposta.
Vereadores
A proibição feita aos artesãos de exporem seus trabalhos na praça Jerônimo Monteiro, em Cachoeiro de Itapemirim, foi abordada pelos vereadores durante a sessão ordinária desta terça-feira. Eles querem uma justificativa da prefeitura pela decisão do impedimento.
“A Unesco tombou os artesãos como patrimônio da humanidade. Eles não estão trabalhando e querem saber o porquê da retirada deles da praça”, informou o vereador Diogo Lube (PDT).
Ele também ponderou que parte da área da praça Jerônimo Monteiro era utilizada para o uso de drogas, porém considera importante o rigor da fiscalização para que haja uma punição justa.
“O trabalho dos expositores deve chegar à população e a fiscalização deve ser ampliada para que este trabalho dos artesãos não seja punido por conta de outros”, complementou o pedetista.
O vereador Higner Mansur (PSB) sugeriu que, antes de punir, a prefeitura de Cachoeiro deveria ordenar a utilização da área pelos artesãos. “Aquilo que passar dos limites deve ser proibido”.