Se alguém ainda cogitava que poderia ressurgir a ‘velha’ unidade política no cenário estadual, o governador Paulo Hartung (PMDB), com exclusividade ao Em Off, jogou uma ‘pá de cal’ nesta possibilidade, mostrou arrependimento da construção feita e atacou o resultado daquela engenharia que resultou na eleição de Renato Casagrande (PSB) para o palácio Anchieta em 2010. As declarações do peemedebista dão o tom do que será a campanha eleitoral deste ano.
“Não deu certo (a unidade política). Renunciei um direito de participar das eleições, fiquei sem mandato e não valeu a pena. O governo que me sucedeu foi um conjunto de erros, dos quais tive que consertar neste governo”, disse.
Hartung contou que o governo anterior ao seu assumiu compromissos sem que o Estado tivesse capacidade para tal, o que taxou de “populismo” e “demagogia”.
“As pessoas precisam ter sensibilidade humana e social; mas têm que ter gestão: se não cuidar do dinheiro, da administração, não cuida das pessoas. O resto é conversa fiada, ‘me engana que eu gosto’. Ou senão, faço uma despesa agora e mando para o meu sucessor para pagar. Ninguém aguenta mais isso. Faço o erro aqui e deixo o outro assumir a responsabilidade. Este é o descaminho que levou o Brasil a esta confusão”.
O governador lembrou que, quando assumiu o governo em 2002, o estado vivia uma crise por conta do “descaso” e do “crime organizado”. “Houve muita movimentação para eu tentar a reeleição, e a conquistei com a maior votação do país. Depois tive uma atitude incomum na política brasileira e mundial ao ficar até o fim do mandato. Poucas pessoas se deram conta deste ato em favor do estado. Mas, não deu certo”.
De acordo com ele, o resultado da ‘unidade política’ o fez deixar as ocupações profissionais da época. “Tanto que tive que mudar a rota da minha vida, em uma momento em que eu não pensava em voltar para o governo. Já estava trabalhando como economista, em conselhos de empresas privadas”.
Novamente com o nome à disposição no pleito de 2014, Hartung foi eleito no primeiro turno, com 53,44% dos votos, vencendo Casagrande.
“Tive que aguentar o tranco, foram muitas críticas injustas. Suportei com tranquilidade, pois quem planta colhe. Só não sabia que colheria ainda neste governo, devido à dura crise no Brasil e aos graves erros cometidos no Espírito Santo, quando eu estava fora, em termos de despesa pública. Hoje, temos mais de R$ 1 bilhão de investimentos anunciados, que irão gerar mais de 10 mil empregos, e o Brasil está nesta pindaíba de dar dó”.
Quanto à candidatura neste ano, o governador preferiu não se antecipar. “Ainda há muito tempo para uma decisão e temos que usá-lo até o final do ’90 minutos’. Assim, ganhamos a chance de ver a evolução das coisas”.